Parece bala, mas é remédio
Uma pastilha cor de rosa que faz lembrar uma balinha, mas é um remédio para ajudar no sono. Uma bebida que parece um refresco, só que serve para controlar pressão alta. Ou um chiclete que evita queda de cabelo. Cada vez mais medicamentos têm ganhado novas formulações para, literalmente, cair no gosto da clientela.
É, na verdade, mais do que isso, como explica Denise de Almeida Martins Oliveira, presidente da regional do Espírito Santo da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag): “As farmácias de manipulação oferecem diversas alternativas para que médicos e nutricionistas lancem mão para que seus pacientes tenham mais adesão ao tratamento”.
Essa personalização do medicamento, diz ela, é uma tendência que vem crescendo nos últimos anos. “Nossa tarefa é entregar um produto que vá atender plenamente à necessidade daquele indivíduo, adequando desde a sua composição e a dose, até a forma farmacêutica. É enxergar o paciente como um ser único e potencializar a possibilidade de sucesso do tratamento dele”.
As formas de apresentação do remédio são muitas, de sachês, a shakes, sopas, iogurtes e gomas a chás e até tabletes de chocolate.
“Isso ajuda muito pacientes crônicos, acamados ou que dependem de tomar um medicamento com frequência. Imagine fazer uso diário de determinado produto. A pessoa pode escolher um sabor e no outro mês trocar por outro para não enjoar, por exemplo”, cita Denise.
POSSIBILIDADES
Idosos e crianças, principalmente, se beneficiam muito dessas novas possibilidades. “Muitas pessoas não conseguem tomar cápsulas que são muito grandes por causa da dificuldade para engolir”, afirma a farmacêutica Camila Possatto.
Por isso, quanto maior a criatividade na hora de apresentar esse medicamento, mais fácil fica para o paciente, como destaca a gerente farmacêutica de uma rede de farmácias de manipulação da Grande Vitória Adriana Gomes Cavalcanti. “Já fizemos, por exemplo, vitamina em forma de jujuba e um fitoterápico para reduzir a ansiedade em forma de pastilha de chocolate. Assim, a gente foge das cápsulas, que são difíceis de engolir. E podemos fazer um medicamento com sabor melhor, mais adocicado”, diz ela.
Já pensou num bombom que ajuda a controlar a vontade de comer doce? Ele existe. “É um fitoterápico que leva hidroxitroptofano na composição. Tem pequena concentração de doce. Mas é um medicamento com esse ativo que ajuda a inibir a vontade de comer doce”, destaca Camila.
Alérgicos e até veganos também são contemplados. “Gomas gelatinosas tradicionais podem ser coloridas ou incolores, caso a pessoa tenha alergia ao corante. E podemos elaborar cápsulas vegetais para os veganos. O mesmo vale para medicamentos como cremes, que podem ser veiculados de acordo com o tipo de pele do paciente, se é seca ou oleosa, por exemplo”, diz Denise.
CÁPSULAS
Nem tudo pode ser adaptado facilmente. “Se o insumo tiver como característica um sabor extremamente amargo, às vezes não tem como mascarar isso, como um refresco. Nesses casos, o melhor ainda é cápsula mesmo”, aponta Denise.
E se a opção for um medicamento em forma de bala para uma criança, Denise alerta para uma atenção extra dos pais. “Como ele é mais atrativo, não pode deixar esse remédio acessível à criança sob o risco de ela tomar escondido”.
ENTENDA
Mais sabor
Pastilhas e gomas de mascar com sabores mais adocicados, como tutti-frutti, menta, chocolate, no lugar de medicamentos amargos.
Novos formatos
Em vez de comprimidos grandes, difíceis de engolir, há chás, refrescos, pastilhas efervescentes, sopas, shakes e chicletes.
De acordo com a necessidade
Vegetarianos e veganos podem ter acesso a cápsulas vegetais. Alérgicos a corantes podem adquirir pastilhas incolores.
Menos desperdício e menos automedicação
Remédios podem ser manipulados na dose certa para o tratamento, evitando sobras que pode ir parar no lixo ou que podem ser ingeridas depois.